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terça-feira, 13 de maio de 2014

Descoberta no Amapá comprova a existência de cultura pré-colombiana

Macapá - Achado prova que antigos habitantes do arquipélago do Marajó, no Pará, trocavam informações com comunidades do Amapá.


A descoberta de peças de cerâmica e fragmentos de urnas funerárias da cultura Koriabo, na margem direita do rio Araguari no entorno da Usina Hidrelétrica Ferreira Gomes, comprova a existência de sociedades pré-colombianas no Amapá.
A cultura Koriabo existiu há 1,6 mil anos no Amapá, Suriname e Guiana Francesa. O material foi encontrado por uma equipe do Centro de Estudos e Pesquisa Arqueológica da Universidade Federal do Amapá (Unifap), na quarta-feira (19), na cidade de Ferreira Gomes (a 142 quilômetros de distância de Macapá).
As peças têm detalhes decorativos, como bordas desenhadas, característica da cultura Koriabo. “Através das descobertas podemos entender um pouco mais sobre a ocupação no Estado e na Região Amazônica”, afirmou o diretor do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas Unifap, Edinaldo Nunes.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Pesquisas identificam mais de 50 sítios arqueológicos no Rio Madeira

Tesouro arqueológico é recuperado e catalogado em Rondônia.

500 mil peças foram coletadas e estão em fase de análise em Porto Velho.

Cada pedacinho é uma parte da história da Amazônia. Quinhentas mil peças foram coletadas por professores, estudantes, pesquisadores de arqueologia e de história da Universidade Federal de Rondônia. O trabalho é fruto de uma parceria com o Museu de Arqueologia da USP.

Alguns objetos datam de mais de 8.100 anos atrás. O material em cerâmica e lítico está em um laboratório em Porto Velho.
Entre as relíquias encontradas nos sítios arqueológicos, uma delas chama a atenção: um vaso indígena do século 10 feito de cerâmica e pintado com óxido de ferro, um mineral comum na região. Os estudos dos arqueólogos apontam que ele era usado em rituais indígenas, como a preparação de bebidas fermentadas.
Todo o material foi coletado entre 2008 e 2011 em um raio de 150 quilômetros nas duas margens do Rio Madeira e nas ilhas, território que antes era seco, mas hoje virou reservatório da Usina de Santo Antônio.
A usina é uma das hidrelétricas em construção no Rio Madeira. Apenas um sítio arqueológico, um dos maiores, não foi encoberto e as pesquisas vão continuar.
Ao todo, 58 sítios arqueológicos no entorno da usina foram identificados pelos pesquisadores. 43 são pré-coloniais, que existiam antes do processo de colonização.
O trabalho é coordenado pela arqueóloga Silvana Suze. Ela explica que vai ser possível conhecer um pouco das tribos que viveram naquela época. O Rio Madeira é testemunha da passagem de diversos povos e não haviam registros sobre isso até hoje.
Carlos Zimpel, professor de arqueologia da Universidade Federal, destaca que uma boa parcela da população que colonizou a Amazônia e o Baixo Amazonas pode ter passado pelo local.

Continente perdido é encontrado a 1500 km da costa brasileira

Um pedaço de continente que ficou submergido no mar por milhões de anos foi encontrado a 1.500 quilômetros da costa do Brasil, considerando como ponto de partida o litoral do Rio de Janeiro. O anúncio foi feito de pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Suspeita-se que este continente teria afundado durante a separação entre América do Sul e África, durante o surgimento do Oceano Atlântico. A suspeita da existência desse continente surgiu há dois anos, durante um serviço de dragagem, em que foi encontrado granito, uma pedra considerada continental. O achado aconteceu na Elevação do Rio Grande, uma cordilheira marítima, situada em águas brasileiras e internacionais. Inicialmente, cogitou-se que o recolhimento deste granito poderia ter ocorrido por engano.
Contudo, há um mês, pesquisadores brasileiros e japoneses usaram um equipamento submersível para observar a formação geológica à frente da costa brasileira e, a partir disso, ganhou força a hipótese de que a região possa mesmo abrigar um pedaço de um continente.

 De acordo com pesquisadores envolvidos no estudo, outras perfurações serão realizadas para recolhimento de mais amostras. A expectativa é que haja algum tipo de confirmação até o final do ano. Ainda não foi divulgada qual seria a idade destas rochas, mas acredita-se que elas sejam mais antigas do que o assoalho oceânico, como é chamada a superfície terrestre localizada sob as águas do mar. 


Fonte: Seu History

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Peças indígenas da pré-colonização do Brasil são achadas na Amazônia

Pesquisadores encontram 22 sítios arqueológicos na região de Tefé.
Além de utensílios de cerâmica, terra preta de índio também será estudada

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Mamirauá, do Amazonas, descobriram 22 novos sítios arqueológicos na região de Tefé, a 575 km de Manaus, repletos de peças de cerâmica e outros indícios que poderão fornecer novas informações sobre indígenas que viveram na Amazônia na época do descobrimento do Brasil, há mais de 500 anos.

Com o auxílio de uma técnica chamada datação radiocarbônica, que calcula a idade absoluta de rochas com a medição da quantidade de energia emitida por elementos radioativos, os pesquisadores vão analisar vasos, fragmentos cerâmicos e peças quase inteiras que estavam nesses sítios.

Segundo a cientista social e pesquisadora Jaqueline Gomes, que atua no Instituto Mamirauá e integra o projeto "Mapeamento arqueológico do Lago Tefé", a detecção das áreas com elementos históricos começou em 2011 e entra agora em nova fase.

Ela explica que, dos 22 sítios (além de outros 11 achados pontuais, em menor quantidade), quatro áreas conhecidas como "conjunto Vilas" foram escolhidas para concentrar os esforços dos arqueólogos.

"Agora serão feitas as escavações e a coleta dos artigos. São milhares de cacos. Algumas peças são potes grandes e também há cerâmicas feitas à mão. São itens muito antigos e em grande quantidade, já que havia uma grande produção desses utensílios, em diversas tradições indígenas”, explica a cientista social.
Fragmentos de cerâmica foram encontrados em áreas da região de Tefé, a cerca de 600 km de Manaus, no Amazonas (Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá)








Fragmentos de cerâmica foram encontrados em áreas da região de Tefé, a cerca de 600 km de Manaus, no Amazonas (Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá)
Grande aldeia tupi
De acordo com Jaqueline, relatos históricos da área onde estão os sítios apontam que, na época do descobrimento do Brasil, tribos indígenas que falavam a língua tupi habitavam a região.
"Tefé foi uma grande aldeia, que sofreu forte redução populacional no período de contato [com os portugueses]. São grandes as chances de esses fragmentos pertencerem a uma mesma etnia indígena", disse.
Ao longo de três anos, os pesquisadores vão trabalhar de forma intensa no detalhamento e na montagem dessas peças seculares.
Peça de cerâmica alterada por moradores ocais foi encontrada em área de sítio arqueológico em Tefé, no Amazonas. (Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá)Peça de cerâmica alterada por moradores locais foi encontrada em área de sítio arqueológico em Tefé, no Amazonas. (Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá)
Agricultura sustentável
Além disso, os cientistas vão investigar a formação de terra preta ou "biochar" na área. Eles querem descobrir mais detalhes sobre o solo da região, considerado altamente fértil e possivelmente usado para a agricultura. De acordo com estudos, o biochar foi criado pelos povos que ocupavam a Amazônia desde 5 mil a.C.
"Esse solo pode apresentar mais informações sobre como essas populações conseguiam manter atividades agrícolas de forma permanente (por cerca de cem anos), sem desgastar a terra, ou seja, de maneira sustentável. Obter informações sobre isso pode ajudar a agricultura atual", disse Jaqueline.

Google Earth ajuda a encontrar cidade perdida na Amazônia

Tecnologia faz descoberta de geoglifos na Amazônia saltar 1.000% em 11 anos

Em junho deste ano, pesquisadores identificaram 18 novas formas geométricas no Amazonas, antes escondidas pela floresta.


Último geoglifo encontrado no Acre, sítio Tequinho em Senador Guimard. Foto: Diego Gurgel/Divulgação

RIO BRANCO - Descobertos no Acre, os geoglifos ganharam repercussão nacional e internacional em 1977. Em entrevista ao portalamazonia.com, a atual responsável pelos estudos, pesquisadora Joanna Troufflard, conta que a identificação de novas formas geométricas na Amazônia se intensificou a partir de 2005, por meio de imagens de satélite. Até 2001, eram conhecidos apenas 24. O número saltou para 120 em 2005, e hoje são cerca de 300 somente no Acre.
As primeiras descobertas ocorreram na Fazenda Palmares, margem da BR-317 por pesquisadores do Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas na Bacia Amazônica (Pronapaba). Os trabalhos ocorreram sob o comando do professor Ondemar Dias, do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB). O nome geoglifo – desenho na terra - veio com o pesquisador acreano Alceu Ranzi, que se interessou em tomar a frente destas pesquisas, a partir de 1986, para avaliar a importância e descobrir porque elas existem em solo acreano.
Segundo Joana, os últimos 18 geoglifos encontrados na região foram catalogados no Sul do Amazonas, em junho deste ano. “Já no Estado do Acre, a última escavação arqueológica em um geoglifo foi realizada no sítio Tequinho, no município de Senador Guiomard. A ação aconteceu no mês de julho de 2012 por meio do Projeto Musealização do geoglifo Tequinho”, conta a especialista.

Sítios encontrados na Fazenda Paraná em Senador Guiomard e Fazenda Boa Vista em Porto Acre. Fotos: Diego Gurgel/Divulgação

Joana ressalta que há uma estreita relação entre a descoberta de geoglifos e o desmatamento intensivo no Estado. Isso porque a maior quantidade de estruturas encontradas estão localizadas em áreas desmatadas. “É possível que muitos geoglifos ainda estejam escondidos debaixo da cobertura vegetal. Até agora, foi identificada uma maior quantidade de geoglifos na porção Leste do Estado”, ressaltou.
Desde 2005, vários projetos são executados com uma equipe multidisciplinar, que inclui arqueólogos de Belém, no Pará, e da Finlândia. “Há a participação de estudantes e profissionais do Acre também. Nos últimos anos especialistas em paleobotânica e solos dos EUA e Reino Unido também se juntaram ao grupo”, disse. Os trabalhos incluem a  utilização do Google Earth, que permite efetuar varreduras sistemáticas nas imagens de satélite, e sobrevoos das estruturas.
Estudos
De acordo com Joanna Troufflard, os geoglifos são estruturas monumentais com diferentes formatos geométricos. “Essas figuras foram feitas por meio de escavações de valetas e construção de muretas pelos antigos índios há cerca de 2.000 anos atrás”, informou. Ela acrescenta ainda que os geoglifos fazem parte da história da região e, por meio do seu estudo, é possível obter informações sobre as antigas populações indígenas que aqui viveram.
Em escavações nas estruturas são recolhidos vestígios de  materiais que ajudam a entender o modo de vida das populações que ocuparam esses sítios arqueológicos. “Este patrimônio singular também poderá trazer benefícios econômicos para o Estado, estimulando o turismo. Em termos culturais, essas descobertas contribuem para realçar e valorizar o passado indígena da região”, acrescentou.
Para que os estudos sejam realizados existe o patrocínio do Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Academia da Finlândia e da National Geographic. As pesquisas são coordenadas pela Dra. Denise Schaan, que possui parceria com o Departamento de Patrimônio Histórico e Cultural da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour no Estado.
Fonte: http://www.portalamazonia.com.br/editoria/atualidades/tecnologia-faz-descoberta-de-geoglifos-na-amazonia-saltar-1000-em-11-anos/

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Escavação arqueológica em Laguna, Sul de SC, encontra 23 sepulturas


Trabalhos ocorreram onde haverá obras para duplicação da BR-101 em SC.Sítio arqueológico é um sambaqui, onde povos enterravam os mortos.

Um adulto e uma criança foram sepultados juntos
(Foto: Unisul/Divulgação)

Escavações arqueológicas encontraram 23 sepulturas no sítio arqueológico Cabeçudas, em Laguna, no Sul de Santa Catarina. Os trabalhos terminaram no domingo (30) onde será construído um pilar de uma ponte prevista nas obras de duplicação da BR-101. O sítio arqueológico era um sambaqui, local cerimonial onde povos pré-históricos enterravam os mortos.
Um dos sepultamentos que mais chamou atenção do arqueólogo foi de uma criança e um adulto enterrados com as mãos entrelaçadas.

A maioria das ossadas descobertas eram de adultos, mas também havia crianças. De acordo com os arqueólogos da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), que fizeram as escavações, esses povos pré-históricos viviam no local há cerca de cinco mil anos. Os mortos eram enterrados e recobertos, em 90% dos casos, com berbigões. As camadas superpostas desses sepultamentos indicam que o local foi usado por muito tempo.
Também foram localizados no sítio arqueológico artefatos associados aos sepultamentos, como um almofariz, que é uma espécie de pilão para triturar ervas, um peso de rede e alguns adornos feitos de pedra e osso. O sambaqui foi pesquisado durante quatro semanas, com escavações que chegaram a mais de dois metros do nível do solo. Amostras foram retiradas para se tentar descobrir a data dos achados através da técnica carbono 14.

De acordo com a legislação, antes de uma obra que impacte o meio ambiente ser executada, é preciso que um grupo de arqueólogos investigue o local em busca de sítios arqueológicos. Quando algum é encontrado, os objetos devem ser retirados do local e preservados.

A pesquisa dos arqueológos não atrapalha o andamento da obra de duplicação da BR-101, pois estava dentro do cronograma previsto. O sítio arqueológico de Cabeçudas é conhecido e estudado desde o século 19 e possui dois hectares de extensão.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A gravura pré-histórica mais antiga da América está em Belo Horizonte

Arqueólogos brasileiros descobriram a gravura mais antiga do novo mundo: um corpo antropomórfico esguio, com uma idade compreendida entre os 9500 e 10.400 anos. A figura terá sido feita por grupos de caçadores recolectores que viviam na região e poderá ser uma manifestação simbólica ligada à fertilidade. O estudo foi publicado nesta quarta-feira na revista Public Library of Science.

A gravura e uma representação da gravura (Neves WA, Araujo AGM, Bernardo DV, Kipnis R, Feathers JK)

“Há pinturas tão antigas como esta gravura, mas esta deve ser das representações artísticas mais antigas do continente”, disse Walter Neves, da Universidade de São Paulo, no Brasil. Ao contrário das pinturas, que têm pigmentos orgânicos facilmente datáveis, as gravuras esculpidas na pedra são muito mais difíceis de datar. Mas a equipa do arqueólogo teve sorte com o achado.

“Descobrimos no fundo de um sítio arqueológico que escavámos há nove anos na Lapa do Santo”, disse o arqueólogo ao PÚBLICO. O local fica a 60 quilómetros a Norte da cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, no Brasil e é um importante ponto arqueológico na América do Sul. A figura está a quatro metros de profundidade e foi descoberta em 2009, no final de uma escavação arqueológica que se iniciou em 2002.

“No caso da pintura rupestre você pode datar os pigmentos da pintura, no caso do petroglífo, que foi esculpido na pedra, não tem matéria orgânica para datar”, disse o cientista. Mas acima da gravura, existiam os restos arqueológicos de uma fogueira que datam de há 9500 anos. Como o local está ocupado desde há 10.400 anos, “a gravura tem entre 9500 e 10.400 anos”.

O desenho foi feito por caçadores recolectores (grupos nómadas). Seriam grupos pequenos de 25 a 30 pessoas que tinham uma capacidade grande para se movimentarem pela região para conseguir caçar e recolher alimentos.

“Na América do Norte especializaram-se em caçar a megafauna já extinta, como mamutes, bisontes ou o cavalo pré-histórico. Na América do Sul estes grupos caçavam a fauna que existe hoje e tem um porte médio”, disse o especialista, acrescentando desconhecer-se a razão desta opção, já que também existiam ali os grandes mamíferos que serviam de alimento para os grupos da América do Norte.

Quanto à pintura, Walter Neves defende que é “uma manifestação simbólica ligada à questão da fertilidade”. O desenho representa “um antropomorfo, filiforme, com uma cabeça em forma de C, os braços e as pernas terminam em três dígitos, e tem um falo grande e erecto”.

Não é a primeira vez que se descobre este tipo de iconografia. Noutras regiões da América, conhecem-se figuras semelhantes que representam mulheres grávidas e cenas de parto. Provavelmente “esta é uma figura que deve fazer parte de um painel maior”. Entretanto, em 2011, a equipa voltou ao sítio arqueológico para tentar descobrir outras figuras.

Segundo Walter Neves, esta descoberta também põe em perspectiva a colonização da América feita pelo Homo sapiens vindo da Sibéria. A nível arqueológico, a chegada ao continente está intimamente ligada aos achados da cultura Clovis: sítios arqueológicos em diversos locais da América do Norte onde se encontraram vestígios de pontas para a caça.

“Nós estamos mostrando que no final do pleistoceno já havia uma grande diversidade de pensamento simbólico na América do Sul. Essa grande diversidade seria impossível de surgir em pouco tempo, e isso sugere que o homem deve ter entrado na América há mais de 11.200 anos, que é a datação para a cultura Clovis”, explicou o cientista. “Eu diria que a questão mais importante [da arqueologia americana] é conseguir sítios arqueológicos com datações pré-Clovis.”

Fonte: http://www.publico.pt/Ci%C3%AAncias/a-gravura-prehistorica-mais-antiga-da-america-fica-em-belo-horizonte-1534916

Cientistas descobrem uma das terras mais férteis do mundo no AMAZONAS

Arqueólogos que trabalham em um dos principais sítios da Amazônia encontraram mais do que vestígios da presença de antigas civilizações.

Eles descobriram que o lugar tem uma das terras mais férteis do mundo e estudam ampliar os benefícios desta terra preta para outras regiões do país.



Fonte: http://tvig.ig.com.br/

sábado, 16 de julho de 2011

Arqueólogos acham peças de engenho de 1580

Uma descoberta arqueológica em São Vicente está ajudando a elucidar um período pouco documentado da história brasileira: o início do ciclo da cana-de-açúcar no País, que começou com os engenhos do litoral paulista. Escavações nas ruínas do Porto das Naus descobriram dois tanques de caldo de cana e mais de 400 fragmentos de peças usadas no engenho de Jerônimo Leitão, construído em 1580 na área próxima ao primeiro trapiche alfandegado do Brasil.

"Esses tanques eram utilizados para fazer melado e torrões de açúcar, que eram levados para Portugal. Acreditamos que tenham entre seis e dez deles nessa área", explica o arqueólogo Manoel Mateus Gonzalez, quecomemora a descoberta das duas estruturas circulares feitas com grandes pedras, com raios de 2,2 metros e de 1,5 metro.
Entre as peças encontradas, Gonzalez destaca os fragmentos de "formas de pão de açúcar" - peças de cerâmica com pequeno orifício na extremidade, onde o melado era colocado depois de cozido para passar por decantação. Delas saíam torrões de açúcar para então serem levados à "casa  de purgar", onde eram limpos, purificados, divididos e classificados segundo a qualidade.
Relatos históricos contam que o engenho de açúcar de Jerônimo Leitão funcionou junto à área do Porto das Naus de 1580 até pelo menos 1615, quando corsários comandados pelo pirata holandês Joris Van Spilbergen incendiaram a Vila de São Vicente. Antes do engenho, o Porto das Naus consistia em um atracadouro de madeiras em estacas, que foi instalado oficialmente por Martim Afonso de Sousa em 1532, mas que desde 1510 já era utilizado por Antônio Rodrigues e João Ramalho, o "Bacharel de Cananeia".
As escavações no Porto das Naus começaram em maio do ano passado e os tanques são a primeira grande descoberta do projeto, realizado pelo Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas (Cerpa) em parceria com a Prefeitura de São Vicente. As ruínas ficam em área de mil metros quadrados, bem próximas à Ponte Pênsil, e são tombadas pelos órgãos de patrimônio municipal e estadual e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Fonte: http://www.dgabc.com.br/News/5899788/arqueologos-acham-pecas-de-engenho-de-1580.aspx

domingo, 29 de maio de 2011

Sítios arqueógicos são atração na Serra da Capivara, no interior do Piauí

O parque abrange 11 municípios. Na região, há 1.300 sítios arqueológicos catalogados. O Museu do Homem Americano guarda os objetos encontrados em mais de 30 anos de pesquisa.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Um elo perdido na Amazônia

Novas descobertas sobre um povo misterioso que habitou a região da fronteira com a Bolívia e desapareceu há 700 anos

Edson Caetano
Traços de uma cultura
As formas circulares e quadrangulares delimitavam o espaço das aldeias, conectadas entre si e a mananciais de água


É uma descoberta arqueológica fascinante: um povo desconhecido habitou a fronteira do Acre com a Bolívia entre os séculos I e XIV. Os primeiros vestígios de sua cultura foram descobertos por acidente pelo arqueólogo Ondemar Dias, em 1977. Ao procurar resquícios da Guerra do Acre, travada com a Bolívia de 1899 a 1903, ele percebeu no solo valas que delimitavam áreas circulares ou quadrangulares. Em geral, elas têm o tamanho de um quarteirão, são conectadas entre si e a mananciais de água. Em uma extensão de 250 quilômetros, foram identificadas 255 dessas estruturas, que os cientistas chamam de geóglifos, palavra que funde os vocábulos gregos para "terra" e "marca". As valas abertas por esse povo antigo eram cercadas por muros de terra, de até 1,5 metro de altura, que ajudavam na defesa contra inimigos e animais. Só há três anos esses sítios começaram a ser escavados. Os resultados da investigação feita por pesquisadores brasileiros e finlandeses foram divulgados na última edição da revista Antiquity,uma prestigiada publicação inglesa de arqueologia.
Edson Caetano
Rosto do passado
O primeiro e o mais completo artefato encontrado nos sítios arqueológicos ficou conhecido como Vaso da Careta

Uma versão revista e ainda inédita desse trabalho lança mais luz sobre esses antigos moradores da floresta. Ela se debruça sobre as descobertas de fragmentos de utensílios. Um deles é de madeira e contém marcas de entalhe, como pequenas incisões. Duas pedras polidas podem ter sido usadas como lâminas de machado. Embora seja um artefato comum em várias regiões da Amazônia, no caso do povo perdido do Acre ele carrega uma informação adicional. Como o solo daquela região não contém pedras desse tipo, os pesquisadores inferiram que os antigos acrianos as adquiriram por meio de comércio ou de saque. As descobertas mais relevantes são, porém, artefatos e cacos de cerâmica. Por serem fruto de um processo fabril, eles permitem identificar o estágio de desenvolvimento do grupo desaparecido. Nos anos 70, já havia sido encontrado um vaso em ótimo estado, que exibia uma face desenhada. As escavações recentes trouxeram à tona um pequeno recipiente intacto, mas que não apresenta nenhuma decoração. Foi possível, no entanto, remontar os cacos do bocal de outro vaso com desenhos geométricos. Embora revelem algum nível de sofisticação, essas peças são bem mais primitivas do que as atribuídas a culturas desse período: a marajoara e a tapajoara, que deixou resquícios no norte e no oeste do Pará.
Sanna Saunaluoma
Riscos e espirais
As escavações revelaram uma cerâmica ornamentada, além de artefatos de madeira e pedra

Outra novidade é que, entre a versão preliminar do trabalho, finalizada em 2007, e a atual, foram localizados mais de cinquenta geóglifos que estavam encobertos pela vegetação. O desmatamento possibilitou que as estruturas se tornassem visíveis e pudessem ser captadas pelo Google Earth, o programa do Google que mostra as imagens da Terra captadas por satélite. O número de valas identificadas permitiu que se estimasse que o povo desaparecido era composto de 60000 pessoas, no mínimo. Além disso, foi possível verificar simetrias entre os geóglifos. Muitos deles possuem diâmetro idêntico. "Quem os construiu deve ter usado cálculos matemáticos e instrumentos de medição, o que denota uma população complexa e organizada", diz a antropóloga Denise Schaan, uma das responsáveis pela pesquisa. De acordo com ela, esse padrão indica que o povo teria uma orientação central - uma espécie de governo que se sobreporia aos chefes das aldeias que viviam em cada geóglifo. Essa também é uma característica dos índios do tronco aruaque, que habitavam outras partes da América do Sul, além do Caribe e da Flórida.
Se forem confirmadas, essas suposições enterrarão a tese de que a floresta equatorial seria inóspita demais para a sobrevivência de povos relativamente avançados. Formulada há sessenta anos pela americana Betty Meggers, ela influenciou as pesquisas feitas desde então e sepultou o mito de que a região teria abrigado uma civilização muito rica. Essa lenda encantou os primeiros colonizadores europeus, que se embrenharam na mata em busca do Eldorado. Há menos de um século, ainda arrebatava aventureiros como o inglês Percy Fawcett, que desapareceu na floresta em 1925 enquanto procurava a cidade que chamava de Z e cuja história será levada ao cinema pelo ator Brad Pitt. O povo que habitou o Acre até o século XIV em nada se assemelha com o idealizado pelos desbravadores do passado. Eles nem sequer conheciam metais. Mas, ainda assim, seus traços denotam uma cultura mais elaborada do que se imaginava.
 Fonte: http://veja.abril.com.br/

Civilizações perdidas da Amazônia


Os primeiros relatos dos colonizadores europeus que navegaram pela região amazônica davam conta da existência de cidades douradas e de mulheres guerreiras. Falavam também de grandes tribos ao longo dos rios. Gaspar de Carvajal, padre que integrou a primeira expedição ao Amazonas, chefiada, em 1542, por Francisco Orellana, descreveu-as assim: “Não há distância de um tiro de balestra entre a última construção de uma aldeia e a primeira de outra. E nossos barcos navegam 5 léguas entre o início e o fim de cada aldeia”. O capitão Altamiro, da expedição de Aguirre, em 1559, arriscou um cálculo para estimar a população local. “Fomos recebidos por não menos que 300 canoas e em cada uma vinham dez índios.” Durante séculos esses relatos foram tomados como pura fantasia, até pela ciência.

De duas décadas para cá, porém, descobertas arqueológicas não deixam dúvidas de que a região abrigou cidades muito maiores do que as que foram descobertas pelos europeus, que mantinham entre si relações de poder e hierarquia, faziam alianças, comercializavam e, é claro, guerreavam. O indício mais recente dessas civilizações foi descoberto pelo arqueólogo Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida. Em seu trabalho, publicado em outubro na revista americana Science, Heckenberger conta que localizou no Alto Xingu, nordeste do Mato Grosso, vestígios de grandes agrupamentos ligados por estradas e com construções sofisticadas, como pontes e barragens defensivas. “A complexa rede de comunicação entre as aldeias comprova a existência de uma grande civilização”, diz.
Carlos Fausto, antropólogo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, co-autor do estudo, conta que foram mapeados 19 sítios arqueológicos da época pré-Cabral. “Algumas aldeias chegavam a ter 500 metros quadrados e abrigavam entre 7500 e 15000 habitantes”, afirma. Com o auxílio de satélites GPS (sigla em inglês para Sistema de Posicionamento de Global), o trabalho mapeou os caminhos que ligavam as aldeias. Eles tinham entre 10 e 50 metros de largura e até 5 quilômetros de extensão. “Pudemos localizar intervenções na paisagem original, como aterros, valas, barreiras de contenção”, afirma o pesquisador Heckenberger.
As cidades se pareciam com as aldeias atuais: as residências ficavam em torno de uma praça central, que servia como área para práticas religiosas. “No entorno dos povoamentos, encontramos fossos com até 3 metros de profundidade que, provavelmente, serviam para proteger os habitantes.” A conclusão derruba a teoria de que a Amazônia foi uma floresta virgem, intocada.
A pesquisa no Alto Xingu mostra apenas uma das várias sociedades complexas daquela região. “Elas existiam em outras partes da Amazônia, na Bolívia, no trecho do rio Amazonas quase inteiro, no médio e baixo Orinoco e em outras áreas”, afirma Michael Heckenberger. “Em 1492, a Amazônia era provavelmente uma área de enorme variabilidade cultural, com grupos regionalmente interligados.”

Berço do Brasil

Provas das complexas sociedades amazônicas não são propriamente novidade. A civilizaçãomarajoara, que prosperou entre os séculos 2 e 12, na ilha de Marajó, e a tapajônica, que ocupou a região de Santarém (ambas no Pará) até o século 16, são dois exemplos conhecidos. No geral, em todas houve grandes intervenções humanas na paisagem.
Os marajoaras, por exemplo, erguiam aterros com até 10 metros de altura e centenas de metros de comprimento sobre os quais construíam suas casas, tudo para evitar as cheias. “Havia intercâmbio entre as diferentes civilizações, como mostram os elementos comuns na iconografia e nas artes”, diz Eduardo Góes Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP). A confluência dos rios Negro e Amazonas também abrigou uma grande civilização. Na região, estudada por uma equipe do MAE desde 1997, foram descobertos vestígios de atividade humana, como a terra preta, uma cobertura não natural, fruto do acúmulo de material orgânico, onde foram encontrados restos de cerâmica, pedra lascada e outros resíduos que indicam a presença do homem no local há até 3 mil anos. “Pelo volume de material encontrado, podem ter vivido ali cerca de 15 mil pessoas no século 16”, diz Eduardo.

Arqueologia via satélite

O uso do GPS (Sistema de Posicionamento Global) foi fundamental para a pesquisa do arqueólogo Michael Heckenberger. O equipamento fornece as coordenadas e a altitude de qualquer ponto na Terra. Com o sistema, foi possível mapear a dimensão das aldeias e descobrir as alterações no solo que foram encobertas pela vegetação. Só assim foi possível detectar o traçado das estradas (em vermelho), pontes (em azul) e valas (em preto). As áreas verdes representam a cobertura vegetal atual e as que aparecem em roxo são os rios e áreas alagadas

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Descoberto ancestral distante do crocodilo no RS

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB/RS) anunciaram a descoberta de fósseis de um parente distante dos crocodilos atuais que viveu há 240 milhões de anos e tinha hábitos gregários, desconhecidos até agora.

A novidade científica foi descrita em artigo assinado pelo doutorando em Biologia da USP de Ribeirão Preto Marco Aurélio Gallo de França, bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), seu orientador Max Cardoso Langer e o paleontólogo Jorge Ferigolo, da FZB/RS, publicado pela revista alemã Naturwissenschaften no dia 29 de março e apresentada pelos autores à imprensa brasileira, em Porto Alegre.

O material foi encontrado no município de Dona Francisca, na região central do Rio Grande do Sul, pelos paleontólogos Jorge Ferigolo, Ana Maria Ribeiro e Ricardo Negri, do Museu de Ciências Naturais da FZB/RS, que faziam buscas na região com apoio do Projeto Pró-Guaíba, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em 2001.

O grupo conseguiu remover um bloco de rocha de meia tonelada no qual estavam crânios de predadores do Triássico. Os fósseis ficaram depositados no museu e, em 2007, passaram a ser estudados por França, Langer e Ferigolo. As conclusões começaram a ser publicadas agora e, segundo os autores, indicam a descoberta de uma nova espécie, com tamanho próximo de 2,5 metros de comprimento, pertencente ao grupo de répteis denominado de Rauisuchia, ao qual estão associados os parentes distantes dos crocodilos.

A novidade, no entanto, está nos hábitos do animal, mais complexos que os descritos para o grupo dos arcossauros, ao qual pertencia, da mesma era. "Pensava-se que os Raiusuchia eram do topo da cadeia alimentar e viviam sozinhos. A descoberta de que uma das espécies vivia em conjunto quebra esse paradigma", avalia França.

Os fósseis estudados pelos pesquisadores indicam que o réptil tinha atividades grupais como, possivelmente, a caça. Os estudiosos chegaram a esta conclusão pela observação do material. Dos restos de dez indivíduos encontrados, nove estavam sobrepostos. "Isso indica um comportamento social; eles estavam próximos antes de morrer", afirma o doutorando.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,descoberto-ancestral-distante-do-crocodilo-no-rs,700089,0.htm

Pré-história pulsa no Parque Nacional Serra da Capivara - Piauí


Percorrer as trilhas do Parque Nacional Serra da Capivara, no sudeste do Piauí, é como viajar rumo à pré-história do território que hoje constitui o Brasil. A reserva, reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade, abriga a maior concentração de sítios arqueológicos conhecidos de todo o continente americano %u2014 são 976 %u2014, com direito a fósseis da extinta megafauna e múmias de crianças indígenas sepultadas há milhares de anos.

Embora a principal atração do parque seja a arte rupestre, os paredões verticais e os cânions também saltam aos olhos. Imponentes monumentos naturais, como a Pedra Furada, fazem da serra um museu a céu aberto cercado de uma paisagem exuberante, apesar de se situar em pleno semiárido brasileiro.

A cidade mais próxima dali é São Raimundo Nonato, que abriga o moderníssimo Museu do Homem Americano, oferece boas opções de hospedagem e uma deliciosa culinária típica, baseada na carne de bode. Pegue a estrada e encare essa aventura.

Parque é santuário da arte rupestre


Mesmo depois de milhares de anos, as pinturas do Parque Nacional Serra da Capivara continuam nítidas, o que intriga os pesquisadores. Figuras mostram caça, danças, rituais, sexo e animais da antiga fauna local, como o mamífero que dá nome à região.

O sudeste do Piauí é um excelente destino para quem gosta de história e mistério. No Parque Nacional Serra da Capivara, estão catalogados, atualmente, 976 abrigos naturais apontados como sítios arqueológicos — também chamados de tocas —, 654 deles com pinturas rupestres. Entre esses últimos, 172 estão abertos à visitação. Paga-se R$ 10 por dia para ter acesso a uma infinidade de trilhas, além de R$ 50 pelo serviço do guia (o preço vale para um grupo de até 10 pessoas). Mas são tantas opções que torna-se impossível conhecer todas elas em um dia. Por isso, o ideal é reservar pelo menos uma semana para a viagem.

A capivara, espécie que habita as margens de rios e lagos, apesar de dar nome ao parque, deixou de viver na região há milhares de anos. Só é vista em imagens gravadas nos abrigos. Assim como ela, outros animais desenhados nas rochas — como o veado-galheiro e a tartaruga gigante — comprovam que o sertão do Piauí já foi uma região de clima tropical úmido. Além da fauna pré-histórica, as pinturas rupestres retratam o cotidiano dos antigos habitantes da região, com cenas de caça, dança, rituais e sexo.

Pesquisadora da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), a arqueóloga Gisele Daltrini Felice explica que, até o momento, só se conhece a matéria-prima do pigmento básico das pinturas. A cor vermelha, predominante nas figuras piauienses, se deve ao minério de ferro retirado das rochas da região. Mas o fixador da tinta, que permitiu à arte rupestre permanecer tão nítida por milhares de anos, ainda é uma incógnita para a ciência.

As pinturas por si mesmas já justificariam incluir a Serra da Capivara no seu próximo roteiro de férias. Mas esse universo encantador vai muito além da superfície dos desenhos. Quem embarca nessa aventura pode se surpreender tanto com as descobertas paleontológicas quanto com a beleza da caatinga. Conheça a seguir os principais pontos a serem visitados, destacados por importância histórica, beleza natural e facilidade de acesso.

Patrimônio cultural

Simplesmente imperdível é o roteiro conhecido como circuito do Boqueirão da Pedra Furada, em que as principais atrações são adaptadas a cadeirantes, com rampas e passarelas. O acesso à entrada principal do parque se dá pela BR-020, no pequeno município de Coronel José Dias (a 36km de São Raimundo Nonato). Os turistas contam com um centro de totalmente estruturado, com lojas de suvenires, um minimuseu de peças paleontológicas, banheiros e uma lanchonete.

Uma curta caminhada leva ao Boqueirão da Pedra Furada, sítio que abriga a mais importante e mais polêmica descoberta arqueológica na região: vestígios de uma fogueira com datação de 50 mil anos. Suas paredes abrigam pinturas sobrepostas, nas cores vermelha, branca e amarela, de diferentes épocas de ocupação. Esse passeio é o único que pode ser feito à noite. O visual dos desenhos primitivos sob a luz de refletores, em meio ao barulho dos bichos noturnos na mata, é emocionante. O passeio tem custo de R$ 50 por grupo de até 12 pessoas.

Imagem mais famosa da serra, a Pedra Furada não pode ficar de fora do roteiro. Ao pé do monumento natural, há um anfiteatro, palco do Festival Cultural Acordais, realizado no início do mês de novembro, com muita música, dança e teatro apresentados por artistas locais e nacionais. O local já abrigou eventos internacionais e serviu de cenário para gravações de uma parte do filme Onde está a felicidade?, dirigido por Carlos Alberto Riccelli e estrelado pela atriz Bruna Lombardi. A produção tem previsão de lançamento para este ano.

Perto dali está a Toca do Sítio do Meio, a segunda mais importante do parque. Nela, foram encontrados os vestígios de uma fogueira com datação de 22 mil anos e a machadinha de pedra polida mais antiga das Américas. As pinturas rupestres do local estão desgastadas, mas ainda dá para identificar registros importantes, como o desenho de um ser humano coletando mel, segundo interpretações dos historiadores.

A jornalista Gabriela Lima do Correio Brasiliense viajou a convite da Assimptur, da Gol e da Associação São-Raimundense dos Empreendedores de Turismo.

Fonte: http://www.saoraimundo.com/noticias/headline.php?n_id=10090

terça-feira, 12 de abril de 2011

Complexo Arqueológico Serras da Paridas em Lençóis - Bahia


Os últimos cinco anos foram ricos em descobertas arqueológicas na Bahia, que agora vive uma fase de aprender a explorar estes recursos, de maneira que a população saiba valorizar e preservar o patrimônio.

Descoberta em 2005 e aberta ao público há apenas três anos, a Serra das Paridas, em Lençóis, Chapada Diamantina, é um exemplo de como o patrimônio pré-histórico pode ser uma fonte de pesquisa e conhecimento sobre as origens do homem pré-colombiano, e ao mesmo tempo atração turística.

O assunto foi um dos discutidos durante o V Seminário de Arte Rupestre da UFBA, patrocinado pelo Ipac (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia) que aconteceu de 23 a 25 de agosto em Lençóis, juntamente com a III Reunião da Associação Brasileira de Arte Rupestre.

A fazenda onde se localiza o sítio arqueológico é propriedade particular. Segundo Renato Hayne, da agência de turismo que explora o local, no ano passado, terceiro ano da abertura, quatro mil visitantes estiveram na Serra.

Os estudos estão no começo. Considera-se que há 18 diferentes sítios na propriedade, mas apenas três estão abertos ao público. A Serra das Paridas possui uma coleção extensa de pinturas rupestres, cuja autenticidade foi atestada pelo professor Carlos Etchevarne, argentino radicado na Bahia há 20 anos e que dirige o departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Quando ocorreu a descoberta das pinturas em grandes rochas de arenito (a uma distância de 35 quilômetros do centro de Lençóis), ele foi chamado pelo dono da propriedade para verificar se o achado tinha mesmo valor científico. Não há dúvida quanto a isso. Mas os avanços são lentos, em uma área em que as suposições são muitas e as certezas poucas.

O métodos de datação existentes não permitem descobrir a idade das pinturas. Há uma tentativa em curso, através de uma técnica ainda em fase de testes, batizada de paleomagnetismo. Sabe-se que os metais presentes na tinta são atraídos pelo campo magnético do planeta. O campo magnético oscila, por razões desconhecidas e de maneira aleatória.

Como já existe um mapeamento histórico desta oscilação do magnetismo da terra, acredita-se que seja possível determinar a época em que ocorreu a pintura, de acordo com a direção em que os metais da tinta se fixaram ao secar.

O método vem sendo testado com sucesso na datação de cerâmicas indígenas com idade aproximada de 500 anos. Em relação à arte rupestre estão sendo colhidas amostras em sítios na Bahia, para tentar determinar a validade de se aplicar o mesmo mecanismo de medição.

Além de mais antiga, a arte rupestre é mais complexa, porque é comum que desenhos de novos indivíduos ou grupos ocupantes da região sejam sobrepostos aos mais antigos, formando camadas de desenhos. Nas pedras do sítio de Lençóis é bem visível esta sobreposição de desenhos com idades distintas.

A maior parte do que está pintado são formas geométricas. Porém repete-se com freqüência a figura de mulheres de cintura larga e pernas abertas sugerindo o momento do parto. Daí o nome de Serra das Paridas, termo comum no interior para designar a mulher que teve filho recentemente. Parte das pinturas pode ser vista de longe, antes da subida da trilha preparada pelos administradores da serra para orientar os visitantes.

Sem dúvida é um sistema de comunicação. A intenção era indicar algo”, interpreta Etchevarne sobre os desenhos mais visíveis. E adverte que não se pode ir mais longe na interpretação, nem mesmo especulando sobre o que se desejava indicar. Outras pinturas estão escondidas e vão sendo descobertas aos poucos.
Rastros do passado distante em Serras da Paridas

COMO PRESERVAR

Uma das preocupações em sítios arqueológicos é não precipitar escavações. “Quando se faz uma escavação se altera o cenário original”, ensina o antropólogo da UFBA. Ele ressalta que o fato de não haver meios de datar os achados, torna ainda mais clara a necessidade da preservação, para garantir a fonte de dados quando tais recursos forem desenvolvidos.

“Há 50 anos não havia o Carbono 14 e hoje é um método mundialmente aceito para datações”, exemplifica Etchevarne, lamentando que não sirva para determinar a idade das pinturas nas rochas. Por outro lado, o conhecimento escasso sobre origem e significado traz riscos para a preservação.

Nos debates realizados durante o Seminário, os pesquisadores mencionaram que muitas vezes os desenhos são vistos como criação de povos primitivos e nada mais, como se fosse algo de pouco valor. Com a execução no país de obras de infra-estrutura como hidrelétricas e estradas, há sítios que ficarão ameaçados, caso sua importância não seja reconhecida.

Um dos momentos de maior repercussão no evento, foi o relato sobre o trabalho em Nova Olinda, município da Chapada do Araripe, no Ceará. A pequena cidade, com apenas 5 mil habitantes na sede, recebe 33 mil visitantes por ano, em função dos achados arqueológicos relacionados ao “homem do Cariri”.

Segundo a arqueóloga cearense Rosiane Limaverde, o envolvimento da comunidade na gestão do patrimônio é total. Crianças e adolescentes participantes do projeto gerenciam o museu, são guias e ajudam nos trabalhos de campo.

Comprometimento semelhante os estudiosos esperam ver estendido a todas as regiões que possuem este tipo de patrimônio. No final do Seminário, foi lançado o Manifesto de Lençóis, propondo uma Campanha Nacional de Preservação de Sítios de Arte Rupestre.

Fonte: Fonte: http://www.atarde.com.br/cienciaevida/?p=8955