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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Peças indígenas da pré-colonização do Brasil são achadas na Amazônia

Pesquisadores encontram 22 sítios arqueológicos na região de Tefé.
Além de utensílios de cerâmica, terra preta de índio também será estudada

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Mamirauá, do Amazonas, descobriram 22 novos sítios arqueológicos na região de Tefé, a 575 km de Manaus, repletos de peças de cerâmica e outros indícios que poderão fornecer novas informações sobre indígenas que viveram na Amazônia na época do descobrimento do Brasil, há mais de 500 anos.

Com o auxílio de uma técnica chamada datação radiocarbônica, que calcula a idade absoluta de rochas com a medição da quantidade de energia emitida por elementos radioativos, os pesquisadores vão analisar vasos, fragmentos cerâmicos e peças quase inteiras que estavam nesses sítios.

Segundo a cientista social e pesquisadora Jaqueline Gomes, que atua no Instituto Mamirauá e integra o projeto "Mapeamento arqueológico do Lago Tefé", a detecção das áreas com elementos históricos começou em 2011 e entra agora em nova fase.

Ela explica que, dos 22 sítios (além de outros 11 achados pontuais, em menor quantidade), quatro áreas conhecidas como "conjunto Vilas" foram escolhidas para concentrar os esforços dos arqueólogos.

"Agora serão feitas as escavações e a coleta dos artigos. São milhares de cacos. Algumas peças são potes grandes e também há cerâmicas feitas à mão. São itens muito antigos e em grande quantidade, já que havia uma grande produção desses utensílios, em diversas tradições indígenas”, explica a cientista social.
Fragmentos de cerâmica foram encontrados em áreas da região de Tefé, a cerca de 600 km de Manaus, no Amazonas (Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá)








Fragmentos de cerâmica foram encontrados em áreas da região de Tefé, a cerca de 600 km de Manaus, no Amazonas (Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá)
Grande aldeia tupi
De acordo com Jaqueline, relatos históricos da área onde estão os sítios apontam que, na época do descobrimento do Brasil, tribos indígenas que falavam a língua tupi habitavam a região.
"Tefé foi uma grande aldeia, que sofreu forte redução populacional no período de contato [com os portugueses]. São grandes as chances de esses fragmentos pertencerem a uma mesma etnia indígena", disse.
Ao longo de três anos, os pesquisadores vão trabalhar de forma intensa no detalhamento e na montagem dessas peças seculares.
Peça de cerâmica alterada por moradores ocais foi encontrada em área de sítio arqueológico em Tefé, no Amazonas. (Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá)Peça de cerâmica alterada por moradores locais foi encontrada em área de sítio arqueológico em Tefé, no Amazonas. (Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá)
Agricultura sustentável
Além disso, os cientistas vão investigar a formação de terra preta ou "biochar" na área. Eles querem descobrir mais detalhes sobre o solo da região, considerado altamente fértil e possivelmente usado para a agricultura. De acordo com estudos, o biochar foi criado pelos povos que ocupavam a Amazônia desde 5 mil a.C.
"Esse solo pode apresentar mais informações sobre como essas populações conseguiam manter atividades agrícolas de forma permanente (por cerca de cem anos), sem desgastar a terra, ou seja, de maneira sustentável. Obter informações sobre isso pode ajudar a agricultura atual", disse Jaqueline.

Google Earth ajuda a encontrar cidade perdida na Amazônia

Tecnologia faz descoberta de geoglifos na Amazônia saltar 1.000% em 11 anos

Em junho deste ano, pesquisadores identificaram 18 novas formas geométricas no Amazonas, antes escondidas pela floresta.


Último geoglifo encontrado no Acre, sítio Tequinho em Senador Guimard. Foto: Diego Gurgel/Divulgação

RIO BRANCO - Descobertos no Acre, os geoglifos ganharam repercussão nacional e internacional em 1977. Em entrevista ao portalamazonia.com, a atual responsável pelos estudos, pesquisadora Joanna Troufflard, conta que a identificação de novas formas geométricas na Amazônia se intensificou a partir de 2005, por meio de imagens de satélite. Até 2001, eram conhecidos apenas 24. O número saltou para 120 em 2005, e hoje são cerca de 300 somente no Acre.
As primeiras descobertas ocorreram na Fazenda Palmares, margem da BR-317 por pesquisadores do Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas na Bacia Amazônica (Pronapaba). Os trabalhos ocorreram sob o comando do professor Ondemar Dias, do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB). O nome geoglifo – desenho na terra - veio com o pesquisador acreano Alceu Ranzi, que se interessou em tomar a frente destas pesquisas, a partir de 1986, para avaliar a importância e descobrir porque elas existem em solo acreano.
Segundo Joana, os últimos 18 geoglifos encontrados na região foram catalogados no Sul do Amazonas, em junho deste ano. “Já no Estado do Acre, a última escavação arqueológica em um geoglifo foi realizada no sítio Tequinho, no município de Senador Guiomard. A ação aconteceu no mês de julho de 2012 por meio do Projeto Musealização do geoglifo Tequinho”, conta a especialista.

Sítios encontrados na Fazenda Paraná em Senador Guiomard e Fazenda Boa Vista em Porto Acre. Fotos: Diego Gurgel/Divulgação

Joana ressalta que há uma estreita relação entre a descoberta de geoglifos e o desmatamento intensivo no Estado. Isso porque a maior quantidade de estruturas encontradas estão localizadas em áreas desmatadas. “É possível que muitos geoglifos ainda estejam escondidos debaixo da cobertura vegetal. Até agora, foi identificada uma maior quantidade de geoglifos na porção Leste do Estado”, ressaltou.
Desde 2005, vários projetos são executados com uma equipe multidisciplinar, que inclui arqueólogos de Belém, no Pará, e da Finlândia. “Há a participação de estudantes e profissionais do Acre também. Nos últimos anos especialistas em paleobotânica e solos dos EUA e Reino Unido também se juntaram ao grupo”, disse. Os trabalhos incluem a  utilização do Google Earth, que permite efetuar varreduras sistemáticas nas imagens de satélite, e sobrevoos das estruturas.
Estudos
De acordo com Joanna Troufflard, os geoglifos são estruturas monumentais com diferentes formatos geométricos. “Essas figuras foram feitas por meio de escavações de valetas e construção de muretas pelos antigos índios há cerca de 2.000 anos atrás”, informou. Ela acrescenta ainda que os geoglifos fazem parte da história da região e, por meio do seu estudo, é possível obter informações sobre as antigas populações indígenas que aqui viveram.
Em escavações nas estruturas são recolhidos vestígios de  materiais que ajudam a entender o modo de vida das populações que ocuparam esses sítios arqueológicos. “Este patrimônio singular também poderá trazer benefícios econômicos para o Estado, estimulando o turismo. Em termos culturais, essas descobertas contribuem para realçar e valorizar o passado indígena da região”, acrescentou.
Para que os estudos sejam realizados existe o patrocínio do Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Academia da Finlândia e da National Geographic. As pesquisas são coordenadas pela Dra. Denise Schaan, que possui parceria com o Departamento de Patrimônio Histórico e Cultural da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour no Estado.
Fonte: http://www.portalamazonia.com.br/editoria/atualidades/tecnologia-faz-descoberta-de-geoglifos-na-amazonia-saltar-1000-em-11-anos/

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Cientistas descobrem uma das terras mais férteis do mundo no AMAZONAS

Arqueólogos que trabalham em um dos principais sítios da Amazônia encontraram mais do que vestígios da presença de antigas civilizações.

Eles descobriram que o lugar tem uma das terras mais férteis do mundo e estudam ampliar os benefícios desta terra preta para outras regiões do país.



Fonte: http://tvig.ig.com.br/

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Um elo perdido na Amazônia

Novas descobertas sobre um povo misterioso que habitou a região da fronteira com a Bolívia e desapareceu há 700 anos

Edson Caetano
Traços de uma cultura
As formas circulares e quadrangulares delimitavam o espaço das aldeias, conectadas entre si e a mananciais de água


É uma descoberta arqueológica fascinante: um povo desconhecido habitou a fronteira do Acre com a Bolívia entre os séculos I e XIV. Os primeiros vestígios de sua cultura foram descobertos por acidente pelo arqueólogo Ondemar Dias, em 1977. Ao procurar resquícios da Guerra do Acre, travada com a Bolívia de 1899 a 1903, ele percebeu no solo valas que delimitavam áreas circulares ou quadrangulares. Em geral, elas têm o tamanho de um quarteirão, são conectadas entre si e a mananciais de água. Em uma extensão de 250 quilômetros, foram identificadas 255 dessas estruturas, que os cientistas chamam de geóglifos, palavra que funde os vocábulos gregos para "terra" e "marca". As valas abertas por esse povo antigo eram cercadas por muros de terra, de até 1,5 metro de altura, que ajudavam na defesa contra inimigos e animais. Só há três anos esses sítios começaram a ser escavados. Os resultados da investigação feita por pesquisadores brasileiros e finlandeses foram divulgados na última edição da revista Antiquity,uma prestigiada publicação inglesa de arqueologia.
Edson Caetano
Rosto do passado
O primeiro e o mais completo artefato encontrado nos sítios arqueológicos ficou conhecido como Vaso da Careta

Uma versão revista e ainda inédita desse trabalho lança mais luz sobre esses antigos moradores da floresta. Ela se debruça sobre as descobertas de fragmentos de utensílios. Um deles é de madeira e contém marcas de entalhe, como pequenas incisões. Duas pedras polidas podem ter sido usadas como lâminas de machado. Embora seja um artefato comum em várias regiões da Amazônia, no caso do povo perdido do Acre ele carrega uma informação adicional. Como o solo daquela região não contém pedras desse tipo, os pesquisadores inferiram que os antigos acrianos as adquiriram por meio de comércio ou de saque. As descobertas mais relevantes são, porém, artefatos e cacos de cerâmica. Por serem fruto de um processo fabril, eles permitem identificar o estágio de desenvolvimento do grupo desaparecido. Nos anos 70, já havia sido encontrado um vaso em ótimo estado, que exibia uma face desenhada. As escavações recentes trouxeram à tona um pequeno recipiente intacto, mas que não apresenta nenhuma decoração. Foi possível, no entanto, remontar os cacos do bocal de outro vaso com desenhos geométricos. Embora revelem algum nível de sofisticação, essas peças são bem mais primitivas do que as atribuídas a culturas desse período: a marajoara e a tapajoara, que deixou resquícios no norte e no oeste do Pará.
Sanna Saunaluoma
Riscos e espirais
As escavações revelaram uma cerâmica ornamentada, além de artefatos de madeira e pedra

Outra novidade é que, entre a versão preliminar do trabalho, finalizada em 2007, e a atual, foram localizados mais de cinquenta geóglifos que estavam encobertos pela vegetação. O desmatamento possibilitou que as estruturas se tornassem visíveis e pudessem ser captadas pelo Google Earth, o programa do Google que mostra as imagens da Terra captadas por satélite. O número de valas identificadas permitiu que se estimasse que o povo desaparecido era composto de 60000 pessoas, no mínimo. Além disso, foi possível verificar simetrias entre os geóglifos. Muitos deles possuem diâmetro idêntico. "Quem os construiu deve ter usado cálculos matemáticos e instrumentos de medição, o que denota uma população complexa e organizada", diz a antropóloga Denise Schaan, uma das responsáveis pela pesquisa. De acordo com ela, esse padrão indica que o povo teria uma orientação central - uma espécie de governo que se sobreporia aos chefes das aldeias que viviam em cada geóglifo. Essa também é uma característica dos índios do tronco aruaque, que habitavam outras partes da América do Sul, além do Caribe e da Flórida.
Se forem confirmadas, essas suposições enterrarão a tese de que a floresta equatorial seria inóspita demais para a sobrevivência de povos relativamente avançados. Formulada há sessenta anos pela americana Betty Meggers, ela influenciou as pesquisas feitas desde então e sepultou o mito de que a região teria abrigado uma civilização muito rica. Essa lenda encantou os primeiros colonizadores europeus, que se embrenharam na mata em busca do Eldorado. Há menos de um século, ainda arrebatava aventureiros como o inglês Percy Fawcett, que desapareceu na floresta em 1925 enquanto procurava a cidade que chamava de Z e cuja história será levada ao cinema pelo ator Brad Pitt. O povo que habitou o Acre até o século XIV em nada se assemelha com o idealizado pelos desbravadores do passado. Eles nem sequer conheciam metais. Mas, ainda assim, seus traços denotam uma cultura mais elaborada do que se imaginava.
 Fonte: http://veja.abril.com.br/

Civilizações perdidas da Amazônia


Os primeiros relatos dos colonizadores europeus que navegaram pela região amazônica davam conta da existência de cidades douradas e de mulheres guerreiras. Falavam também de grandes tribos ao longo dos rios. Gaspar de Carvajal, padre que integrou a primeira expedição ao Amazonas, chefiada, em 1542, por Francisco Orellana, descreveu-as assim: “Não há distância de um tiro de balestra entre a última construção de uma aldeia e a primeira de outra. E nossos barcos navegam 5 léguas entre o início e o fim de cada aldeia”. O capitão Altamiro, da expedição de Aguirre, em 1559, arriscou um cálculo para estimar a população local. “Fomos recebidos por não menos que 300 canoas e em cada uma vinham dez índios.” Durante séculos esses relatos foram tomados como pura fantasia, até pela ciência.

De duas décadas para cá, porém, descobertas arqueológicas não deixam dúvidas de que a região abrigou cidades muito maiores do que as que foram descobertas pelos europeus, que mantinham entre si relações de poder e hierarquia, faziam alianças, comercializavam e, é claro, guerreavam. O indício mais recente dessas civilizações foi descoberto pelo arqueólogo Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida. Em seu trabalho, publicado em outubro na revista americana Science, Heckenberger conta que localizou no Alto Xingu, nordeste do Mato Grosso, vestígios de grandes agrupamentos ligados por estradas e com construções sofisticadas, como pontes e barragens defensivas. “A complexa rede de comunicação entre as aldeias comprova a existência de uma grande civilização”, diz.
Carlos Fausto, antropólogo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, co-autor do estudo, conta que foram mapeados 19 sítios arqueológicos da época pré-Cabral. “Algumas aldeias chegavam a ter 500 metros quadrados e abrigavam entre 7500 e 15000 habitantes”, afirma. Com o auxílio de satélites GPS (sigla em inglês para Sistema de Posicionamento de Global), o trabalho mapeou os caminhos que ligavam as aldeias. Eles tinham entre 10 e 50 metros de largura e até 5 quilômetros de extensão. “Pudemos localizar intervenções na paisagem original, como aterros, valas, barreiras de contenção”, afirma o pesquisador Heckenberger.
As cidades se pareciam com as aldeias atuais: as residências ficavam em torno de uma praça central, que servia como área para práticas religiosas. “No entorno dos povoamentos, encontramos fossos com até 3 metros de profundidade que, provavelmente, serviam para proteger os habitantes.” A conclusão derruba a teoria de que a Amazônia foi uma floresta virgem, intocada.
A pesquisa no Alto Xingu mostra apenas uma das várias sociedades complexas daquela região. “Elas existiam em outras partes da Amazônia, na Bolívia, no trecho do rio Amazonas quase inteiro, no médio e baixo Orinoco e em outras áreas”, afirma Michael Heckenberger. “Em 1492, a Amazônia era provavelmente uma área de enorme variabilidade cultural, com grupos regionalmente interligados.”

Berço do Brasil

Provas das complexas sociedades amazônicas não são propriamente novidade. A civilizaçãomarajoara, que prosperou entre os séculos 2 e 12, na ilha de Marajó, e a tapajônica, que ocupou a região de Santarém (ambas no Pará) até o século 16, são dois exemplos conhecidos. No geral, em todas houve grandes intervenções humanas na paisagem.
Os marajoaras, por exemplo, erguiam aterros com até 10 metros de altura e centenas de metros de comprimento sobre os quais construíam suas casas, tudo para evitar as cheias. “Havia intercâmbio entre as diferentes civilizações, como mostram os elementos comuns na iconografia e nas artes”, diz Eduardo Góes Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP). A confluência dos rios Negro e Amazonas também abrigou uma grande civilização. Na região, estudada por uma equipe do MAE desde 1997, foram descobertos vestígios de atividade humana, como a terra preta, uma cobertura não natural, fruto do acúmulo de material orgânico, onde foram encontrados restos de cerâmica, pedra lascada e outros resíduos que indicam a presença do homem no local há até 3 mil anos. “Pelo volume de material encontrado, podem ter vivido ali cerca de 15 mil pessoas no século 16”, diz Eduardo.

Arqueologia via satélite

O uso do GPS (Sistema de Posicionamento Global) foi fundamental para a pesquisa do arqueólogo Michael Heckenberger. O equipamento fornece as coordenadas e a altitude de qualquer ponto na Terra. Com o sistema, foi possível mapear a dimensão das aldeias e descobrir as alterações no solo que foram encobertas pela vegetação. Só assim foi possível detectar o traçado das estradas (em vermelho), pontes (em azul) e valas (em preto). As áreas verdes representam a cobertura vegetal atual e as que aparecem em roxo são os rios e áreas alagadas