sábado, 24 de agosto de 2013

Tumba de sacerdotisa confirma que mulheres governaram Peru há 1.200 anos

Restos da mulher, pertencente à cultura Moche ou Mochica, entre 200 e 700 d.C., foram descobertos no final de julho por arqueólogos na província de Chepén.
Foto: A evidência de mulheres governantes na região de La Libertad vem surpreendendo os cientistas.

Douglas Suarez/STR / AFP 
A descoberta da tumba de uma sacerdotisa pré-hispânica no norte do Peru, a oitava encontrada em mais de duas décadas de pesquisas, confirma que mulheres poderosas governaram a região há 1.200 anos, segundo arqueólogos. 
Os restos dessa mulher, pertencente à cultura Moche ou Mochica, entre 200 e 700 d.C., foram descobertos no final de julho por arqueólogos na província de Chepén, na região La Libertad (norte do Peru), somando-se a outras descobertas surpreendentes na região. 

A evidência de mulheres governantes na região de La Libertad vem surpreendendo os cientistas. Em 2006, no distrito de Magdalena de Cao (La Libertad), foi descoberta a famosa “Senhora de Cao”, considerada uma das primeiras mulheres governantes do Peru, que morreu há 1.700 anos. - Isso deixa claro que, nesta região, as mulheres não apenas chefiavam rituais, mas eram as rainhas da sociedade Mochica. É a oitava sacerdotisa descoberta. Só encontramos tumbas de mulheres nas escavações, e nunca de homens - disse Luis Jaime Castillo, diretor do projeto arqueológico San José de Moro. 
A sacerdotisa estava “em uma imponente câmara funerária de 1.200 anos” de idade, explicou o arqueólogo, que destacou que os Mochica eram conhecidos como mestres artesãos e grandes construtores de cidades de barro. - A câmara funerária da sacerdotisa é de barro em forma de “L” e estava coberta com placas de cobre em forma de ondas e aves marinhas. Perto do seu pescoço estavam uma máscara e uma faca (Tumi)” - explicou Castillo. A tumba, pintada com desenhos nas cores amarela e vermelha, também tinha nos lados cerca de 10 nichos repletos de oferendas de cerâmica de tamanhos variados, a maioria vasilhas. - Acompanhavam a sacerdotisa os corpos de cinco crianças, dois deles bebês, e dois adultos, todos sacrificados - afirmou o cientista. Julio Saldaña, arqueólogo responsável pelos trabalhos na câmara funerária, disse que a descoberta da tumba confirma que a localidade de San José de Moro, província de Chepén, é um cemitério da elite Mochica. - Estamos diante de um lugar dedicado ao culto aos ancestrais, em cuja periferia os súditos mochicas deixaram evidências múltiplas como cântaros de tamanhos diferentes e cozinhas para a elaboração de chicha (bebida originária do Peru à base de milho) - disse. No enxoval funerário da sacerdotisa foi encontrada uma finíssima peça de cerâmica policromática, desenhada com iconografia moche, na qual foi colocada uma coroa de prata e cobre dourado, em forma de penacho, situada na altura da cabeça do personagem da elite. 

Debaixo do corpo da mulher havia uma fina camada de areia, e uma taça cerimonial e peças de tamanho regular de Spondylus (conchas usadas pela nobreza na época pré-hispânica) foram encontradas em cada uma das mãos da mulher. Oferendas estavam distribuídas na altura dos pés. Castillo informou que, assim que forem levantados, os restos mortais e os objetos serão levados a um laboratório para estudo. Depois, os pesquisadores tentarão obter apoio financeiro para a construção de um museu.

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